Onde a Huíla se despenha no Namibe, as curvas da Serra da
Leba. A estrada serpenteia pelas encostas do Planalto Central na sua descida
repentina até à linha do deserto marítimo. A beleza absoluta deste lugar
carimba a Serra da Leba como um dos grandes cartões-postais de todo o país.
Angola tem lugares conhecidos, outros nem tanto. Uns mais
óbvios que outros. Mas todos com algo de especial para mostrar. A Serra da Leba
é daqueles casos únicos, conhecidos em todos os cantos e recantos do país e um
dos símbolos máximos do turismo nacional.
A estrada que todos conhecemos, que vem tipo serpentina
desde lá de cima, começou a ser construída na época colonial, no final dos anos
1960. Mas esta via começou a ser pensada quase quatro décadas antes, na época
da consolidação do poder português no sul de Angola. A ideia de construir uma
estrada que facilitasse o transporte de alimentos, tropas e bens essenciais
entre o centro e o sul do país partiu do General Pereira de Eça. O mesmo que
deu o nome à Ondjiva administrada pelos portugueses. Os projectos começaram então a ser feitos,
mas só muito mais tarde a actual estrada ficou concluída. Ainda hoje serve de
ponte sinuosa entre a Huíla e o Namibe, e é percorrida diariamente por dezenas
e dezenas de camiões e autocarros.
O resultado são 20 km, 30 curvas e um desnível de mil
metros. Para se ter uma ideia real do declive, se traçarmos uma linha recta
entre o ponto inicial e o ponto final da estrada da Serra da Leba, atingimos
uns escassos 100 metros! Uma obra-prima da arquitectura, pois, enquadrada num
cenário natural espectacular. O melhor lugar para apreciar a serpente que desce
o morro é o miradouro da Leba, de onde se pode ver perfeitamente esta acção
conjunta e perfeita entre homem e natureza. Descubra o lugar e os seus
segredos. Como o rio subterrâneo que avança por dentro do maciço rochoso e que
termina numa cascata escondida na Leba, na época da chuva.
E onde fica a Serra da Leba? A pergunta parece sem sentido,
mas é uma dúvida comum. Todos a querem – Huíla e Namibe – mas só o município da
Humpata pode encher o peito de orgulho. A Serra da Leba é humpatense e, como
tal, um dos ex-líbris da Huíla, a apenas 50 km do Lubango, a caminho do porto
do Namibe. Ponto intermédio entre o Planalto e o Deserto.
O espaço da Leba está em permanente reconfiguração. No ano
passado, as comemorações da Dipanda transformaram a serra numa enorme tela. O
projecto “Murais da Leba – 40 anos” foi um dos mais sonantes da celebração da
independência de Angola. O resultado é espectacular. No total, são 800 metros
quadrados de murais pintados por 40 artistas como Thó Simões, Isaac André,
Fábio da Lomba ou Aldaír e Leandro Costa. Cores sonantes dão vida a mulheres
mucubais ou mumuilas, heróis e símbolos nacionais como a inevitável rainha
Njinga ou a bandeira do país, com a sua catana, estrela e roda dentada em fundo
preto e vermelho.
Este projecto, ideia de Vladimir Prata, adiciona um inovador
lado cultural ao turismo de natureza que fez da Serra da Leba um lugar
obrigatório para qualquer angolano. Actualmente, está a ser construída uma
pousada na zona da Serra da Leba, não só destinada ao alojamento de turistas,
mas também à promoção dos murais.
E não é tudo. A apenas umas dezenas de quilómetros, a Serra
da Leba encontra a Tundavala, outra das maravilhas naturais da terra angolana.
E já que aqui está, conheça melhor o Município da Humpata, com o seu aroma a
frutas, a Fenda do Bimbe ou a Barragem das Neves.
Ícone do país, a Serra da Leba é ponto de união. Entre as
terras altas e o mar. Entre o planalto e o deserto. Entre gentes. Ponto
convergente de todo um país orgulhoso de si mesmo. No que o orgulho tem de bom.
Fonte: RedeAngola | Visualizado 04/08/2017
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